TRABALHOS

TARTUFO, era uma vez.








Concepção do Espetáculo
Descrição
O Tartufo (em francês Le Tartuffe) é uma comédia de Molière, e uma das mais famosas da língua francesa em todos os tempos. Sua primeira encenação data de 1664 e foi quase que imediatamente censurada pelos devotos religiosos que, no texto, foram retratados na personagem-título como hipócritas e dissimulados.


Na língua portuguesa, o termo tartufo, como em outro idiomas, passou a ter a acepção de pessoa hipócrita ou falso religioso, originando ainda uma série de derivados como tartufice, tartúfico ou ainda o verbo tartuficar - significando enganar, ludibriar com atos de tartufice.




Resumo
Molière utiliza em seu texto elementos de sofisticada linguagem cômica, abordando com mordacidade as relações humanas que envolvem a religião, o poder e a ascensão social.
Utilizando-se como mote a aristocracia francesa, em luta por manter seus privilégios, a burguesia ascendente, ávida por ampliar seu status quo e ainda o papel intrigante dos religiosos, é, no entanto, através da popular e sábia "Dorina", a empregada, que Molière desconstrói a hipocrisia de estrutura social da 'época, desmascarando o farsante "Tartufo".
Este personagem é símbolo dessa bem comportada estrutura, usando-a a seu bel-prazer, a seu único e exclusivo proveito, sendo capaz de mentir, roubar, fraudar, especular, transgredir normalmente com o único objetivo de granjear mais privilégios. E tudo em nome de Deus.
A peça, apesar de retratar uma situação que antecedeu a ascensão da burguesia, mantém-se atual ao denunciar males eternos e "universais", como a corrupção, a hipocrisia religiosa, a ocupação de cargos de mando e relevo por espertalhões.
Hugo Zorzetti mantém a estrutura de Molière, mas traz até a cena a realidade da trupe de sua época, com o autor e seus atores no Petit Bouboon ensaiando tal peça, e estes temerosos pelas represálias que já são comuns ao textos do autor, resolvem questioná-lo. Metalinguagem na sua mais pura sofisticação.




Personagens
No processo de montagem a adapatação ficou a cargo dos atores do Grupo Carroça sob a orientação do Diretor que suprimiu personagens e os distribuiu com os quatro atores de acordo com o trabalho de pesquisa desenvolvido durante o processo. São eles, de acordo com os originais de Molière:
Ø   Dorine, criada de Mariane, dá o tom cômico à peça, através de comentários sarcásticos e exagerados.
Ø   Senhora Pernelle, mãe de Orgon, enganada por Tartufo.
Ø   Orgon, senhor da casa, esposo de Elmire, enganado por Tartufo.
Ø   Elmire, esposa de Orgon; chave para se compreender o verdadeiro eu de Tartufo.
Ø   Mariane, filha de Orgon, noiva de Valère.
Ø   Tartufo, falso devoto, que engana Orgon e Dona Pernelle.
Ø   Monsieur Loyal, começa como beleguim (agente de polícia); termina a peça como sargento.
Ø   Molière, o próprio autor mantido nessa adaptação aparece em cena o tempo todo, escrevendo em tempo real a peça que passa frente a seus olhos.




Cenário
Sala de Ensaios da trupe de Molière.

Concepção Cênica

A concepção cênica proposta transita pelas linguagens brechtianas do distanciamento:
·      A estrutura do espetáculo se dará em ato único de 50 minutos, com intervenções na plateia e entradas pelo público. A peça é pensada para ser feita na rua ou em qualquer estrutura que fuja da concepção italiana de palco, como é o costume nas montagens deste Grupo que aprecia levar o teatro aos lugares mais inóspitos sem temor nem censura.
·      A luz é clara e sem sombras fortes, evidenciando o trabalho do ator, sem fazer nuances que desvirtue a atenção do espectador para sua interpretação.
·      O figurino é uma peça importante para essa proposta, uma vez que será vinculada claramente a este item a significância de sua representação, fazendo com que a indumentária como um todo complete a ação do personagem em cena e vice-versa. Inicialmente os atores estão em roupa de trabalho, após questionarem o autor que lhes propõe que passem a peça toda, estes aparecem a medida que seus personagens entram na trama, com figurinos próprios e máscaras, diferenciando-os uns dos outros em caso de repetição de personagens feita por um mesmo ator.
·      A caixa-preta é desprovida de pouco cenário,  utilizando-se de objetos de cena que sugerem a ambientação. O vazio brechtiano por assim dizer, traz ao publico a efetiva afirmação de que o que se passa ali é teatro. Em cena apenas a mesa de Molière e dois biombos sugestionando as coxias do Petit Bourbon.
·      O contexto histórico do original de Molière é inevitavelmente diferente de nossa atualidade, porém a contemporaneidade da peça faz desta uma obra prima. Por esta razão manteremos a ambientação francesa do século XVII fazendo alusões a época atual e a nossas execrações, conservando viva a proposta do autor dessa sátira aos costumes.

É uma peça do gênero comédia, muito usualmente trabalhado por esta equipe em projetos anteriores e aqui vinculada a uma pesquisa mais consistente e densa, como fora na pesquisa em commedia italiana.






A montagem
O grupo Carroça após ter montado sob o patrocínio da lei municipal de 2012, e ter circulado como contrapartida pelo incentivo em 10 escolas estaduais da Grande Goiânia, propõe-se aqui a circulação em tournée a começar por este festival, , como forma de contribuir para a formação de platéia como tem sido o propósito do Grupo nesses quase 10 anos de trajetória.
O jogo cênico proposto pelos atores se dinamiza na relação do texto com o ambiente cênico - ou qualquer espaço não convencional - e na interrelação entre o ator e o texto com o público, numa proposta bem arregimentada pelo enredo de Molière.
Com humor desabusado e se valendo de uma mescla de referências de nossa cultura popular, a trupe chama a atenção da plateia ao dar ênfase ao entrecho cômico, sem cair na tentação de alongar piadas ou deixar-se levar pelos bons resultados de suas gags.
A adaptação do clássico de Molière foi feita a pedido do grupo, pelo dramaturgo goiano, Hugo Zorzetti. Tartufo, era uma vez, como ficou chamada tal adaptação, teve sua montagem patrocinada pela Lei Municipal de Incentivo a Cultura de 2012 onde fora devidamente montada e apresentada de acordo com sua proposta de contrapartida.
A adaptação de Hugo Zorzetti, trouxe ao público goianiense o melhor do humor satírico de Molière, trazendo-o a cena conversando e contracenando com seus atores e personagens.
 A adaptação de Hugo Zorzetti, trouxe ao público goianiense o melhor do humor satírico de Molière, trazendo-o a cena conversando e contracenando com seus atores e personagens.



Sinopse

Os atores de Molière, temendo um levante de suas vítimas, resolvem questionar o autor que finaliza Tartufo com a acidez que lhe é característica. Sem compreender tal apreensão Molière propõe que lhe mostrem a peça para que assim entenda onde tem pesado a tinta.
A trupe, absorta, mostra a Molière e a seu público mais um clássico, cheio de ironias mordazes e críticas ferinas contra a sociedade e suas engrenagens pútridas. Uma comédia pungente e perspicaz para os dias atuais.

Ficha Técnica
Ator/Personagem:
             Christian Mariano – Molière, Oficial de Justiça.
             Waldir Nogueira – Tartufo, Pernele.
             Camila Freitas – Dorine, Elmire, Mariane.
             Paulo Assis – Orgon.

Autor – Molière – Texto de domínio público.
Dramaturgia (convidado) – Hugo Zorzetti.
Direção Musical (convidado) – Abílio Carrascal.
Composições musicais (convidada) – Paula de Paula.
Produção Executiva – Christian Mariano.
Direção (convidado) – Constantino Isidoro.
Figurinos/Objetos de cena/Cenário – Elmira Inácio.
Figurinos/Máscaras (convidado) – Francisco Guilherme
Iluminação – Marcus Pantaleão.
Maquiagem – elenco.

Links
https://www.facebook.com/GrupoCarroca








O SUMIÇO DA CARROÇA DE SEU TADEU

SINOPSE



Uma trupe de mambembes acaba de chegar na cidade, e, como em todos os lugares por onde passam, apresentam suas peças ao grande público.



No repertório, disponibilizado como em um cardápio, estão as obras do bardo inglês William Shakespeare.



Numa de suas apresentações, a carroça que usam para viajar de uma cidade a outra, some. Acontece que o chefe dos comediantes descobre-se milionário por causa de um bilhete premiado e isso causa uma reviravolta na vida dos mambembes.





Mas com tanta confusão que segue, é pouco provável que os sonhos se realizem deixando o desespero abater e as aspirações de uma vida melhor se despedaçarem ao chão.



Sobre a Ciad’Humor






              A Ciad’Humor estreou ao grande público em 2005 com a peça-pesquisa Burundanga, em que os atores, numa comédia de tipos e costumes com inspirações na commedia dell’art, satirizaram os costumes políticos locais, obtendo muito sucesso durante suas apresentações.
Desde então a pesquisa se tornou algo presente na essência de seus membros. Primeiro Burundanga, depois Terror e Miséria do Terceiro Reich, depois Hamlet, que culminou com uma temporada de dois anos por escolas da cidade de Goiânia, em 2011 montaram A Cantora Careca de Ionesco, e por fim O Sumiço da Carroça, baseado nos estudos sobre a commedia italiana.
Porém, a companhia não se ateve apenas a pesquisa interpretativa para o palco italiano. Durante os últimos três anos, os atores da Ciad`Humor estrelaram cinco filmes de curtas-metragens produzidos por integrantes da mesma, em parceria com uma produtora local.
São eles: Cuecas, Uma questão de mídia, A padaria, A Pescaria e A ilha de Cachalote.





Currículo do espetáculo

O Sumiço da Carroça é um espetáculo novo, que estreou ao grande público em novembro de 2011, percorrendo as ruas e praças da cidade de Goiânia em 10 apresentações, retomando sua tournée em fevereiro com temporada no SESC de Caldas Novas e posteriormente visitando outras cidades do Estado de Goiás e fora dele.

DIRETOR
Samuel Baldani 
O premiado diretor de Auto da compadecida e Tortura de um coração, Samuel Baldani junta-se a Cia d’Humor em mais uma comédia de rua, com temática popular e uma roupagem goiana, trazendo a cena o resultado de uma pesquisa desenvolvida junto aos atores e com a colaboração de Rodrigo Cunha. 


ASSISTÊNCIA de DIREÇÃo
Rodrigo Cunha


SOBRE O ESPETÁCULO

O risco e a fortuna de se fazer teatro de rua é a disputa sempre em desvantagem do afeto arredio dos passantes, que não estão lá por acaso e têm mais o que fazer. O homem comum que transita pelas calçadas (quando não faz parte da assustadora estatística da exclusão, para quem a vida na rua tem outro sentido), anda apressado e sem tempo para o desfrute do passeio público. 

Sua atenção é arrebatada por uma profusão de apelos visuais e sonoros, submetida aos ruídos das máquinas e aos gritos histéricos da mercadoria, que se apresenta sem disfarces. É nesse caótico mundo cada vez mais anestésico e individualista que as trupes de teatro de rua tentam instaurar seu universo de ficção e fantasia, redimensionam o espaço público e fazendo reverberar ecos de uma socialidade.

Disposta e bem armada para essa peleja, a Cia. d’Humor, de Goiânia, levará à Praça das principais cidades do Estado de Goiás o espetáculo O Sumiço da Carroça de Seu Tadeu, uma irradiante celebração da vida e da sabedoria popular, cantada sem pudores e liberta dos falsos ditames que acobertam o caráter reacionário do politicamente correto.

Com base nos cannovacios medievais de autores anônimos e com inspirações na dramaturgia shakespeareana, o espetáculo narra com a voz da chiste e da picardia a saga de uma trupe de comediantes de rua que vêem suas vidas mudarem depois de um bilhete de loteria premiado invadirem seus bastidores.

Com humor desabusado e se valendo de uma mescla de referências da cultura popular goiana, a trupe busca a atenção da plateia ao dar ênfase ao entrecho cômico, sem cair na tentação de alongar piadas ou deixar-se levar pelos bons resultados de suas gags.

O espetáculo se incorpora ao espaço urbano sem a ilusão de competir com os brilhos ascéticos da publicidade. Os figurinos lembram farrapos e são deliberadamente “mal acabados” ou “acabados demais” pora assim dizer, tal como os mínimos e indispensáveis objetos de cena. A cenografia segue o mesmo conceito, sua rusticidade provém menos da intervenção artesanal do que da qualidade mesma dos materiais utilizados.

Essa desavergonhada “falta de gosto”, diz muito sobre como a trupe entende o que é essencial em seu ofício. E é justamente desse entendimento, dessa picaresca sabedoria nascida da observação atenta de mestres anônimos, que provém o encanto da peça. Sua comunicação é grossa sem ser grosseira; popular sem cair no popularesco.